A importância da comunicação eficaz na liderança corporativa
É sempre bom lembrar que cada ponto de vista é visto a partir de um ponto.
Luana Lourençon, colunista do Mundo RH, se destaca no universo corporativo como especialista em comunicação e master coach de carreira.
Além disso, foi reconhecida como LinkedIn Top Voice e é integrante do seleto grupo de LinkedIn Creator
Já dizia o saudoso Abelardo Barbosa, o Chacrinha: quem não se comunica, se trumbica! No mundo corporativo, esse famoso bordão também é uma verdade, especialmente quando se trata da comunicação vinda de um líder.
Assim como a própria fala de Chacrinha quer dizer, a maneira pela qual as lideranças se expressam vai influenciar nos resultados da equipe e da empresa: se a comunicação não for clara, objetiva, as chances de as pessoas entenderem seus líderes serão mínimas, o que pode acarretar no insucesso dos negócios.
É o famoso “vai se dar mal”, exatamente o que Chacrinha quis dizer com o “se trumbica”.
Então, o que fazer para que você, líder, se faça entendido em seu ambiente de trabalho?
A explicação está nos três pontos que vou mostrar a seguir. Eles provam como as lideranças podem desenvolver uma comunicação assertiva e, dessa forma, alcançar seus objetivos e conquistar o sucesso dentro da corporação.
Os 3 pilares para se fazer entender melhor
Como mentora de carreira, comecei a perceber que, para quem tinha uma intenção de se comunicar, mas a outra pessoa tinha dificuldades de entender a mensagem, o processo comunicativo poderia resultar em retrabalho, relações desgastadas, perdas de eficiência nos procedimentos e, por consequência, na competitividade da empresa.
Daí em diante, notei que a forma de minimizar essas problemáticas estaria relacionada ao desenvolvimento de três tópicos:
1) Comunicação é de dentro para fora
É de extrema importância que, antes de mais nada, você, líder, se perceba como pessoa: quais são seus valores; como você está emocionalmente falando; de que maneira se vê nas atividades do dia a dia, dentro da empresa e diante de sua equipe.
Uma boa dose de autoconhecimento e autoconfiança ajuda, nesse sentido.
Quando se está bem consigo mesmo(a), você consegue lidar com mais facilidade com o(a) outro(a) e, como uma pessoa influente que é – já que tem um cargo de liderança – você vai impactar positivamente nas vidas profissional e pessoal dos seus colaboradores e de seus pares. Você vai ser uma referência para seu time!
A comunicação assertiva tem tudo a ver com isso.
Quando se tem uma autoconfiança desenvolvida – e esse processo é de dentro para fora – você consegue se comunicar de forma clara, objetiva, sem gerar ruídos na mensagem que quer passar para sua equipe.
Ou seja, quanto mais confiança você tem em si, mais as pessoas envolvidas no seu trabalho e na sua liderança vão te entender melhor. Pense nisso!
2) A comunicação é sobre o outro
Esse segundo ponto tem muito a ver com a história de uma mentorada – diretora de uma empresa – que, recentemente, me procurou com uma demanda desafiadora para ela mesma: melhorar sua própria comunicação.
Essa profissional considerava a forma de se comunicar muito agressiva e desejava amenizar a maneira pela qual ela se expressava com sua equipe e gestores da empresa. Como sempre quis estar perto de pessoas e se sentir querida, a maior dor dessa mentorada era saber que ela tinha atrito com seus pares, o que a prejudicava como gestora.
O primeiro passo para o desenvolvimento dessa comunicação mais assertiva foi com o pilar número 1: a comunicação é de dentro para fora e se faz eficiente com a autoconfiança. Ok! Mas era preciso entender esse segundo ponto: a comunicação é sobre o outro.
📍É sempre bom lembrar que cada ponto de vista é visto a partir de um ponto.
Muitas vezes, nós, seres humanos, nos comunicamos de acordo com as nossas perspectivas. Não é verdade?
A grande surpresa é que, de fato, precisamos nos comunicar segundo as perspectivas do outro.
Quando executamos esse movimento de sair da nossa e entrar na perspectiva do outro(a), conseguimos entender o que ele(a) sente. No caso da minha mentorada, foi necessário que ela refletisse sobre seu papel e quais eram suas funções como diretora.
Uma das atribuições era, realmente, apontar algumas vulnerabilidades de seus pares, o que doía e feria o ego deles.
Começamos, portanto, a treinar a forma como a profissional poderia desenvolver sua comunicação para que ela se fizesse entendida pelos outros envolvidos. Os pontos a serem melhorados deveria, sim, ser pontuados.
Mas era necessário, também, que a mentorada orientasse seus pares.
💫O que aconteceu? O jogo virou! Ela conseguiu conquistar a confiança de seus pares a partir do momento em que ela enxergou a perspectiva deles.
Sabe o que foi interessante também? A diretora iniciou esse processo de empatia, de ouvir e se colocar na perspectiva do(a) outro(a), junto à sua equipe.
A história da minha mentorada se resume em: a comunicação começa, sim, de dentro para fora. Mas ela é sobre o(a) outro(a). Missão cumprida!
3) Comunicação assertiva tem a ver com autodesenvolvimento
Quando eu ainda trabalhava no mundo corporativo e tinha um cargo de liderança na empresa onde atuava, precisei lidar com um gerente considerado bravo, inclusive para a própria secretária que tinha um certo medo dele.
Nesse determinado dia, esse gerente passava por momento de estresse, já que ele tinha como compromisso uma importante reunião àquele dia.
No auge do nervosismo, o gestor pediu à secretária para que “desse um jeito” em alguns papéis que ele a entregou. O pedido foi feito de uma forma agressiva.
A secretária, com medo de seu líder, não perguntou o que significava “dar um jeito nisso” e decidiu por resolver por conta própria: ela rasgou toda papelada.
Por quê? A secretária teve o seguinte pensamento: “como lido com informações confidenciais da empresa, é melhor eu picotar tudo para que essas informações não cheguem a mais ninguém”.
No fim do dia, quando os compromissos do gerente haviam terminado, ele se dirigiu à secretária e perguntou onde estavam os papéis os quais tinha pedido para ela ENCADERNAR.
Dá para imaginar o que pode ter acontecido depois dessa situação, não é?
O que eu gostaria de enfatizar, através desse exemplo, é que o óbvio precisa SIM ser dito.
Por quê? Para evitar os ruídos na comunicação que podem gerar desgastes em uma relação, tanto de trabalho, quanto pessoais. É necessário que a mensagem do emissor seja muito clara para que o receptor entenda exatamente a intenção do conteúdo emitido.
Sabe como melhorar essa forma de comunicação? Com o autodesenvolvimento.
Quando você, líder, desenvolve habilidades pessoais que melhoram seu comportamento no dia a dia – o autodesenvolvimento – você muda também o comportamento do(a) outro(a). Com a forma de se comunicar não é diferente.
É preciso racionalizar suas emoções para que você enxergue e entenda quais são as necessidades da sua equipe, as deficiências de seus(suas) liderados(as) e a urgência de você se comunicar melhor com cada um.
Uma dica bem simples, mas de uma enorme eficiência é pedir um feedback sobre o que você está querendo dizer. Como? Você pode usar as expressões: “O que você entendeu?”, “Fui claro?”, “Quer que eu explique melhor?”
A partir do momento em que essas atitudes viram um hábito, a comunicação assertiva é garantida, assim como o sucesso na sua carreira de líder.
Então, lembre-se: autoconfiança, empatia e autodesenvolvimento são peças-chaves para que você se comunique melhor, de maneira assertiva. O resultado? O(a) outro(a) vai te entender!
O Chacrinha tinha ou não tinha razão?
FONTE: MUNDORH